“As voltas que o linho leva”
“De um emaranhado de fios nascem peças que são verdadeiras
relíquias.
O linho preenche o tear que, pedalado pacientemente pelas
artesãs, pede para que não lhe ponham um travão definitivo. Uma arte mágica que
o futuro se irá encarregar de confirmar, ou não, a sua extinção.”
O linho é:
1.- Semeado por homens. Quase todas as outras operações são
de mulheres. O campo de linho chama-se linhal (algures: linhar).
2.- Mondado.
3.- Arrincado (arrincar = colher o linho).
4.- Tira-se-lhe a linhaça.
5.- Alagado na ribeira, durante oito dias; por ser leve, o
linho é enterrado na areia da ribeira para a água o não levar, ou então
colocam-se-lhe pedras em cima.
6.- Tirado para se enxaguar.
7.- Enxugado durante dois dias, estendido no campo.
8.- Maçado por homens com uma maça ou pau; batem-no numa
pedra e fazem-se uns molhinhos: amaçadoiras (amaçador é o homem que faz esse
trabalho).
9.- Gramado, isto é, muito pisado até ficar em fios. A
operação faz-se num grama. A mulher que grama é gramadeira (não se conhece em
Tolosa o termo tascar, nem tascadeira)
10.- Asseado num sedeiro de ferro: sai a estopa e fica o
linho.
11.- Fiado com roca e fuso; a mulher que fia é a fiadeira.
12.- Ensarilhadas as maçarocas num sarilho; com quatro
maçarocas faz-se uma meada no sarilho.
13.- Metidas as meadas no ribeiro e batidas muito bem numa
pedra.
14.- Cozidas – as meadas – numa caldeira a ferver com cinza,
para curtir o fiado. Dois dias ficam a curtir num cesto também com cinza.
15.- Lavadas na ribeira em água corredia (pôr à cora).
16.- Coradas no campo – seis a oito dias. Deita-se-lhes água
com um regador, porque, se secar ao sol, fica com manchas amarelas.
17.- Torna-se a metê-las numa barrela, isto é, com água a
ferver e cinza.
18.- É o linho novamente lavado em água corredia.
19.- Enxugam-se as meadas, estendendo-as em lajes.
20.- As meadas são encadeadas.
21.- Cada meada, ou elo da cadeia, vira-se tirando, com a
ajuda de uma dobadoira, fazendo-se novelos.
22.- Enfiam-se muitos novelos num barbante, como contas de
um rosário.
23.- Vão para a tecedeira para tecer.
Informações retiradas de "ETNOGRAFIA PORTUGUESA" -
Livro III - José Leite de Vasconcelos - Informação de uma gramadeira de Tolosa,
1933.
sugestão para visita http://rancho-zagalho.blogspot.pt/2008/09/linho-uma-arte-ancestral.html
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